Atendimento especializado: Centro Municipal da Mulher
O Centro Municipal da Mulher (CMM) é o único estabelecimento para o tratamento de saúde específico de gênero em Ponta Grossa. Por esse motivo, o local fica sobrecarregado logo no início do dia. Segundo o médico ginecologista e obstetra do Centro, Augusto Justus, a espera poderia ser evitada. “Precisamos de um atendimento mais detalhado nos postos dos bairros. Há muitos pacientes com casos que não são graves e poderiam ser resolvidos pelo clínico geral que ocupam vagas daqui e poderiam ser melhor utilizadas”, explica.
O CMM abre às sete da manhã, mas Lúcia Pinto Cantagenaro chegou no Centro às cinco e quarenta para garantir o atendimento o quanto antes. “Minha consulta está marcada há um mês para às sete e meia, mas não quis arriscar esperar na fila”, conta. Lúcia mora no bairro Nossa Senhora das Graças, que não possui postinho próprio. “Aí a gente se vira como pode. Quando preciso, vou até o posto do Esplanada”, diz. O fato do bairro dela não ter postinho também contribui para o sobrecarregamento em outra área.
Eliane Fernandes, coordenadora do CMM e enfermeira responsável há um ano, explica que senhas são dadas na recepção, mas é apenas para organização do local e referência dos funcionários. “Fazemos o possível para atender todas as pessoas no horário estipulado, mas alguns atrasos são inevitáveis”, completa.
O Centro conta com nove médicos de diferentes especialidades (como ginecologia, obstetrícia, patologia), mas eles não são de dedicação exclusiva. “A prefeitura estipula o número de horas que os profissionais irão trabalhar e essa quantidade é dividida pelo número de dias da semana, para que o médico esteja aqui diariamente”, diz Eliane. O Dr. Augusto, que atende cerca de vinte e cinco pessoas por dia, explica que atualmente o CMM consegue dar conta da demanda de pacientes: “Nós não somos cobrados pelo número de atendimentos, mas sim pela qualidade”.
Uma das pacientes que chegou cedo, mas só teve atendimento quatro horas depois foi Ariele Cristina dos Santos, de 23 anos e grávida de 7 meses. “Acredito que deveriam ter mais consideração com a gente. No postinho do meu bairro o atendimento é melhor, mas preciso fazer o acompanhamento aqui porque minha gravidez é de risco”, conta. Ariele mora na Vila Vilela e acordou às cinco da manhã para chegar às sete e meia no Centro Municipal da Mulher.
Para Eliane Fernandes, a função do Centro é dar o suporte para os postinhos dos bairros. “Com os equipamentos que temos aqui, podemos centralizar as necessidades dos postos que não têm a condição de atender problemas mais específicos”, afirma.
Roseney Teixeira, 44 anos, que mora na Palmeirinha e frequenta o CMM há dois anos, acredita que o fluxo de pessoas diminuiria se fossem espalhados outros Centros pela cidade. “Vem gente de todo o lugar da cidade, alguns bem longe, como Uvaranas. E pegar ônibus pra chegar aqui cedo e ficar esperando tanto tempo. Isso podia ser evitado se fosse tivéssemos cinco ou seis, como são os CAS (Centro de Atenção À Saúde)”, declara.
Ao ser questionada sobre a humanização do atendimento, Eliane explica que a valorização do paciente depende de diferentes questões. “No Centro Municipal da Mulher adaptamos as situações técnicas para ofertar o melhor serviço possível, além de termos uma equipe entrosada. Só assim podemos ter como consequência a qualidade como prioridade”, finaliza.
Para o Dr. Augusto, o diferencial do Centro também está na questão da integralidade. “Antigamente, o foco da saúde da mulher era apenas na gravidez e na sua função reprodutiva. Hoje é possível ver, até mesmo no incentivo do governo, uma preocupação com outros aspectos, como o preventivo, a mamografia e o climatério”, afirma.
Além das consultas médicas, o CMM oferece atendimento para planejamento familiar com a assistente social Marli Dolores Koloda, que trabalha no local desde a sua inauguração, em novembro de 1997. “É possível notar uma evolução no comportamento cultural com relação ao planejamento familiar. Hoje em dia as pessoas estão mais conscientes que isso melhora a qualidade de vida”, explica. Marli faz cerca de seis atendimentos por dia, que envolvem desde palestras explicativas sobre os métodos contraceptivos até o acompanhamento de casais que optam pela esterilização.
O processo de laqueadura ou vasectomia leva no mínimo três meses. “O casal é encaminhado do postinho do bairro para cá, depois conversamos sobre todas as opções e eles devem cumprir alguns critérios”, diz. As exigências para passar no triagem são: que o casal tenha uma união estável, idade superior a 25 anos ou dois filhos vivos. Ambos devem comparecer as sessões de entrevista e assinarem um documento de compromisso. Segundo Marli, o perfil das mulheres atendidas varia muito: “são mulheres entre 25 e 40 anos, de todas as classes sociais. Acho que a única coisa que todas têm em comum é a preocupação em tomarem essa decisão corretamente”, completa.
O número de cirurgias de vasectomias é superior ao de laqueaduras (confira a tabela) em 20%. Marli explica que isso ocorre devido a facilidade da cirurgia masculina: “no caso dos homens, é apenas uma anestesia local e após sete dias, a recuperação está completa. Para as mulheres, há risco de sangramento e o pós-operatório é mais lento”, afirma. Segundo ela, o aumento das vasectomias também é um indício de que o comportamento dos homens modificou. “Em 60% dos casos de planejamento familiar, é o homem que se propõe a fazer a cirurgia”, finaliza.
O atendimento para a mulher no Centro inclui uma divisão ginecológica e obstetrícia, ambulatório ginecológico, ultrasonografia, cardiotocografia, mamografia e planejamento familiar. Até agosto de 2011, foram 11.243 consultas (confira a tabela para informações detalhadas sobre o número de atendimentos). O CMM possui, além dos nove médicos especialistas, uma assistente social, uma enfermeira, seis técnicos de enfermagem, quatro funcionários administrativos e uma zeladora.
Marli Dolores Koloda, assistente social do Centro Municipal da Mulher, fala sobre os atendimentos do planejamento familiar:
Leia também: A ausência do atendimento de saúde específico para a mulher
Serviço:
Centro Municipal da Mulher
Horário de atendimento: 7h às 16h
R. Cel. Francisco Ribas, s/n
(Os ônibus Vila Liane e Vila Margarida param em frente, confira aqui os horários)
Telefone: 3238-7876







