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Superlotação no PSF do Esplanada

Para conseguir marcar horário às 13 horas, algumas pessoas chegam às 11 horas da manhã

O posto do Programa de Saúde da Família (PSF) José da Silva Ribeiro, localizado no bairro Esplanada, possui uma rotina de atendimentos mais movimentada do que no Santa Lúcia. “É o postinho com maior número de pacientes da cidade, pois cobrimos uma área maior do que deveríamos atender”, explica a enfermeira Samuara Hassan, que trabalha no PSF há um ano e três meses.

No período da manhã, ao chegar mais cedo do que o horário de abertura do posto, 7 horas, uma fila já está formada. Marilene Silva, de 44 anos, mora no Parque Nossa Senhora das Graças e chegou às 6:30 horas. “Minha filha veio antes, às 5:30 horas, para guardar lugar pra mim, já que não tenho condições de vir a pé e nesse horário meu marido me traz aqui”, declara.

O postinho reabre após o almoço, às 13 horas. Após apenas dez minutos, mais de trinta pessoas já aguardam atendimento. Antônia Teixeira, de 63 anos, chegou às 10:30 da manhã. “Hoje são 51 vagas, geralmente são menos. As pessoas saem do serviço pra vir aqui ao meio-dia e às vezes não conseguem marcar consulta”, conta.

Se o número de pessoas na fila ultrapassa o de vagas para o dia o paciente deve esperar até a semana seguinte

Francisco Queiróz Lopes, de 52 anos, mora no Parque Nossa Senhora das Graças há 20 anos e diz que pouca coisa mudou desde a implementação do posto. “Visito o posto regularmente há uns 10 anos. É claro que os médicos são diferentes, alguns melhores do que outros, mas sempre é uma briga pra conseguir vaga para ser atendido”, conta.

Segundo a enfermeira Samuara, o PSF atende uma área de 19 mil pessoas, sendo que deveria prestar atendimento a no máximo metade disso. “Possuímos duas equipes completas, que dariam conta de 9 mil pacientes. Mas algumas vilas não tem postinho e acabam vindo pra cá também. Não tem como deixarmos as pessoas sem atendimento”, explica.

O PSF possui três médicos, que para tentar amenizar a aglomeração de pessoas, dividem os atendimentos de acordo com as vilas que compõem o bairro Boa Vista. O Dr. Rodrigo Manjabosco atende às regiões: Parque Nossa Senhora das Graças, Atlanta e Estrela da Colina. A Dra. Roberta Almeida é responsável pelo Esplanada, Monte Carlo e Leila Maria. Já o Dr. Ramiro Anzuategui, que possui uma dedicação parcial de seis horas diárias, atende o Jardim Jacarandá, Eldorado e outras áreas que não são atendidas nem mesmo pelas Agentes Comunitárias de Saúde.

Não há nenhum outro posto na área, resultando no sobrecarregamento da unidade José da Silva Ribeiro

Cíntia Ribeiro, de 40 anos, mora no Parque Nossa Senhora das Graças e conta que o atendimento feito pelos médicos é satisfatório, mas a organização dos horários é problemática. “Meu marido já passou mal à noite e teve que vir no postinho às quatro da manhã pra conseguir uma das vagas emergenciais”, afirma.

O Dr. Rodrigo Manjabosco explica que a superlotação é resultado do crescimento do bairro e da falta de investimento por parte da gestão municipal. “Algumas áreas que fazem uso da unidade não possuem nem mapeamento populacional. O ideal seria termos outras unidades de PSF espalhadas, para conseguirmos dar conta de todas as vilas”, diz. Entretanto, ele afirma que isso não afeta a humanização do atendimento: “assim que o paciente entra no consultório, é a minha única preocupação”. Rodrigo é contrário a imagem de que maior número de consultas seja algo positivo: “acredito que isso significa que não estamos sendo efetivos, pois nosso trabalho é de prevenção”.

Ouça o médico do PSF, Dr. Rodrigo Manjabosco falar sobre:

A relação entre a superlotação e a área geográfica

As falhas da gestão municipal de saúde

A situação no Esplanada

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O trabalho das Agentes Comunitárias de Saúde

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