Na fila com as usuárias do Esplanada
Assim como cada caso é um caso, cada paciente tem uma relação diferente com o posto do bairro Esplanada. A enfermeira da unidade, Samuara Hassan, afirma que apesar dos problemas técnicos e de contratação de pessoal, o atendimento está muito melhor do que há seis meses. “Agora temos quatro auxiliares ao invés de dois e três médicos ao invés de um e outro temporário. Nossa principal dificuldade é realmente o alto número de moradores, que é desproporcional à nossa equipe. Mas aos poucos estamos fazendo progresso e aumentando nossos funcionários”, comenta.
Mery Janilce, de 41 anos, é moradora do Parque Nossa Senhora das Graças e conta que deixou de frequentar o posto por mais de um ano após uma consulta com um médico que não trabalha mais no PSF. “Fui mal atendida e não fui a única. Os comentários começaram a surgir no bairro e muita gente tentou atendimento em outros lugares”, afirma.
Mery explica que, através das amizades que tem com algumas das Agentes Comunitárias de Saúde (ACS) do posto, continuava tirando as principais dúvidas com elas. “Depois procurava atendimento especializado até com médicos particulares, o que não estava no orçamento”, conta. Mery tinha acabado de sair da primeira consulta após a contratação do novo médico. “Dessa vez fui bem atendida e pretendo voltar. Acredito que muitas pessoas freqüentam ou não o postinho de acordo com o bom atendimento do médico, mais do que pela necessidade”, diz.
Rosenilda de Fátima dos Santos, de 31 anos, mora no Monte Carlo e está insatisfeita com a atuação do PSF no bairro. “As filas são muito grandes, a espera é um absurdo. E o fato de já ter sido pior não quer dizer que a situação atual está aceitável”, critica. Rosenilda conta que já passou mal à noite e não conseguiu ser atendida pela manhã. No outro dia, teve que acordar às quatro da manhã para ser atendida. “E o fato de termos que correr perigo andando no bairro sem luz e com marginais andando por aí?”, questiona.
A enfermeira Samuara afirma que as filas são uma questão cultural. “Nós fazemos de tudo para evitar isso, inclusive abrir o horário de marcar a consulta apenas no período da tarde. Mas parece que as pessoas gostam de ficar na fila. Em alguns casos, é só entregar um exame e eles ficam esperando já uma hora antes”, diz. Rosenilda conta que isso realmente acontece: “e não existe ninguém informando que algumas das pessoas não precisam ficar na fila. Todas essas questões poderiam ser resolvidas se houvesse organização e informação”, finaliza.
Lucimara Nunes de Oliveira mora no Parque Nossa Senhora das Graças e acredita que a área deveria ter um posto próprio. “O pessoal da prefeitura já disse que ia abrir um CAS por aqui, mas até agora nada”, diz. Pra ela, o trabalho das ACS não faz diferença para a comunidade. “Elas fazem a visita apenas para preencher formulário, não vejo valor nisso, sem contar que é apenas uma vez por mês”, reclama.
Segundo Lucimara, seria mais efetivo trocar algumas agentes por mais um médico: “não acho que a função deveria ser eliminada, mas poderiam resolver a questão de entregar exames e marcar horário pra conseguir remédio, isso é muito injusto e poderia ser feito pelas ACS”, completa. Outra questão que a incomoda é a ausência de médicos especialistas. “Estou no aguardo desde novembro para um encaminhamento na Clínica da Mulher”, afirma.
Lucimara não está sozinha. Elinilda Martins Rodrigues, de 40 anos, conta que já “madrugou” para conseguir consulta na Clínica. “Todos os postos da cidade deveriam ter alguns especialistas como pediatra e ginecologista”, diz. Entretanto, Elinilda discorda da necessidade de um Centro de Atenção à Saúde no bairro: “o que precisamos mesmo é de um posto. Os CAS tem um atendimento muito rápido, não há contato realmente com os pacientes”, afirma.
Antônio Arinaldo Lopes da Silva, gerente do Programa de Saúde da Família de Ponta Grossa, explica que todos os postos que fazem parte do Programa contam apenas com médicos clínicos gerais por ser uma determinação do Ministério da Saúde. “Eles são médicos com alguma especialidade, mas o atendimento que proporcionam no PSF é de clínico geral. Os especialistas encontram-se nas Unidades Básicas de Saúde (UBS)”, informa.
Conheça o trabalho das Agentes Comunitárias de Saúde no Esplanada ou leia sobre a superlotação no posto José Ribeiro da Silva.







