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Agentes Comunitárias de Saúde: o vínculo entre os moradores e o postinho na Santa Lúcia

O trabalho da ACS é construir uma relação de proximidade com o postinho

O posto do bairro Santa Lúcia conta com uma equipe de atendimento, formada por cinco Agentes Comunitárias de Saúde (ACS). A função das agentes é visitar as casas da região e conversar com a população sobre questões de prevenção.

Ângela Bonzanini, enfermeira responsável pelo Programa de Saúde da Família (PSF), destaca a importância das ACS, definindo a função como um elo entre o postinho e o bairro. “As agentes são as que mais trabalham, possuem uma interação direta com os moradores e trazem um retrato pra gente do que está funcionando”, diz.

Ângela afirma que essa diferença pode ser vista em um exemplo prático, já que no momento uma das áreas do bairro está sem uma ACS. “As pessoas daquela região estão sem o atendimento domiciliar e nos perguntam quando isso será resolvido nas consultas”, conta. Segundo ela, a vaga será preenchida no próximo concurso da Prefeitura, que será realizado ainda nesse ano.

Para ser ACS, é preciso ter ensino médio completo e morar no bairro do postinho, pois a função não oferece vale-transporte. Além disso, as agentes devem fazer um curso preparatório, de 360 horas, para a capacitação. Entretanto, apenas duas delas tiveram as aulas, enquanto as outras aguardam a oferta pela prefeitura.

No caso de curativos, a estagiária de enfermagem acompanha as visitas

“O curso foi uma boa experiência pela oportunidade de aprender e ter contato com outras áreas, mas para o nosso trabalho, a prática é mais importante”, afirma Marilei Gomes, que é agente comunitária há cinco anos. A professora Maria Iolanda de Oliveira, do curso de Serviço Social da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), entretanto, destaca que há maior fragilidade no aprendizado que depende apenas da prática. “É um ensinamento viciado, pois não há reflexão, apenas ação. Em muitos casos, os profissionais só irão utilizar determinado método no trabalho porque outra pessoa lhes disse que é assim que deve ser feito”, completa.

Marilei explica que a preparação é dividida em áreas da saúde específicas do ciclo vital: criança, idoso, mulher ou questões relacionadas ao meio ambiente, como lixo hospitalar e saneamento básico. “Além disso, aprendemos como abordar as pessoas e criar um relacionamento de confiança com os usuários”, completa. Segundo Marilei, o principal problema da profissão é a desvalorização por parte do poder público: “faz mais de um ano que pedimos jalecos novos e até agora nada”, diz.

Rosana Pereira da Silva, ACS há um ano, tem mais dificuldade em convencer os moradores da importância do seu trabalho. “É complicado quando acham que a gente está fazendo uma obrigação ou não conversam direito. Estamos aqui pra ajudar e dar informações”, comenta.

Em um dia de visita, Rosana conferiu carteirinhas de vacina, combinou visitas da enfermeira para curativos, entregou exames, deu avisos sobre o preventivo e explicou para uma paciente o que fazer com o lixo hospitalar. “Cada dia é diferente do outro, não tem uma rotina. O importante é dar atenção para as pessoas e solucionar as dúvidas”, completa.

Segundo Rosana, o número de mulheres atendidas é muito maior, principalmente nas visitas domiciliares: “elas compreendem a importância do cuidado da saúde e acabam assumindo o papel de fazer com que o restante da família também se preocupe com isso”, relata.

As visitas domiciliares são feitas para pacientes acamados ou que precisam de acompanhamento médico

Para Zeneide Padilha de Oliveira, Agente há três anos e estudante do curso de Pedagogia, a principal dificuldade da profissão não possui relação com as condições do trabalho: “o pior de tudo é ver os problemas das pessoas e não conseguir resolver”, relata.

Quando questionada sobre o atendimento para as mulheres, Zeneide acredita que é a participação delas na comunidade que resulta em uma educação mais completa sobre a saúde. “É claro que ir no postinho é importante, mas fazer parte das atividades que oferecemos, estar em contato com nós agentes [comunitárias], aumenta o nível de informação e elas podem passar isso para as pessoas com quem elas convivem”, explica.

As ACS possuem um relatório de visitas, onde colocam o código da região que cobrem, a assinatura da pessoa visitada e os temas abordados na visita. As visitas duram cerca de 10 a 15 minutos e as agentes possuem a meta de atender 10 pessoas/famílias por saída (elas saem no período da manhã e à tarde). Nos dias de chuva, ficam responsáveis por assuntos administrativos, marcar consultas e repassar informações. A área de cobertura de uma ACS pode chegar a até 750 pessoas (cerca de 200 famílias).

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